sábado, 23 de fevereiro de 2008

A maior recompensa

É na mistura de tons que existe no labelo desta flor que reside grande parte da sua excentricidade .
Tal como é comum a todas as orquídeas , o que parecem ser 5 pétalas , são na realidade 3 , 2 de cor branca e outra modificada , chamada labelo .
Tal com se vê na imagem acima , as restantes são na realidade 3 sépalas ( as de cor mais escura no verso ) que encerram a flor em si , quando esta ainda está em botão .
Quando finalmente a flor abre , juntam-se todas as 3 sépalas e as 3 pétalas para formar este belíssimo quadro .

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Olhó bom do tremoço ...

É por esta altura do ano que as espigas coloridas e de aroma doce do Lupinus Luteus voltam a surgir para nos animar , mesmo a tempo de dar as boas vindas a todos os seres que "acordam " com a Primavera .
E é ver , em plena azáfama , os insectos atraídos pelas suas cores brilhantes de volta das suas flores . Iludidos , pois a flor da tremocilha apesar de tão bonita não contém néctar , somente um líquido adocicado , mas vendo bem ... acho que eles não se importam ...



  • Botânica : A tremocilha, ou melhor dizendo , o Lupinus luteus pertence á família botânica Fabaceae . Esta última , é a 3ª maior família de plantas existente , englobando cerca de 730 géneros , e divide-se em 3 sub-famílias , sendo uma das quais a Faboideae ( ou Papilionoideae , nome alternativo aprovado pela Internacional Code of Botanical Nomenclature ) da qual o Lupinus faz parte .
O nome deste género , Lupinus , vem da palavra latina Lupus , que significa lobo ; é que as suas folhas , se olharmos com atenção , fazem lembrar uma pegada de lobo .
É comum , que consoante a literatura consultada , surjam vários nomes de famílias , daí ser , por vezes difícil , descortinar qual a mais correcta ; ainda que diferentes , todas estas classificações estão correctas , mas com o surgir da nova classificação filogenética APG , é natural que alguns nomes da classificação clássica , entrem em desuso .
O género Lupinus compreende cerca de 200 espécies e encontra-se espalhado por toda a Europa , na região mediterrânica ocidental , África , América do Sul e América do Norte e Austrália, entre outros , consoante as espécies . Para além da espécie , existem ainda atribuídas sub-espécies, variedades, sub-variedades e formas . Geralmente a variedade distingue-se pela cor da semente e da flor e as sub-variedades pela cor das partes vegetativas e o factor ausência ou presença de antocianinas . Nesta área existem tantos nomes que não me atrevo a aprofundar mais a questão ...

  • Distribuição :
É uma planta que se adaptou bem e proliferou um pouco por todo o mundo , devido ás suas capacidades de resistência , principalmente á seca . Algumas espécies crescem até nos desertos do Arizona, Oregon , Texas , California e New Mexico , nos desertos do Peru e Chile e nos oásis do Sakhara . Crescem bem a sol pleno , em zonas moderadamente fertéis ou solos pobres e arenosos em todo o tipo de locais desde campos, clareiras de florestas , montanhas , falésias , margens dos rios ou zonas costeiras . A maior diversidade das suas espécies estão concentradas , imagine-se , nas zonas alpinas das Cordilheiras dos Andes , comprovando , mais uma vez, a sua grande adaptabilidade .
Características da planta:

Existem lupins das mais variadas cores . As variedades de jardinagem são as que apresentam maior gama de cores , desde vermelhos , rosas de vários tons , amarelos intensos , brancos , azuis e violetas . Já as flores dos lupins selvagens variam entre tons brancos , amarelos e azul arroxeados .
Por exemplo , o Lupinus albus tem flores brancas , o Lupinus luteus que é o das fotos acima tem flores amarelas e o Lupinus angustifolius que também se encontra muito em Portugal , tem flores azul arroxeadas .
Uma característica desta planta , é o facto de , tal como todas as leguminosas , ter a capacidade de melhorar os solos em que se encontra . As suas raízes principais , que alcançam uma profundidade de 1 a 2 metros , contêm nódulos de bactérias Bradyrhizobius sp. que fixam o nitrogénio do ar , transformando-o em azoto assimilável pelas plantas . Por isso , são muitas vezes usadas como cultura de poisio , para melhorar os solos entre colheitas .
  • E agora "last but not least " os famosos tremoços , pois é ... é daqui que vêem os tremoços que estamos habituados e que sabem tão bem...
Mas algo que eu não sabia , é que os tremoços , por si só , são tóxicos . Têm um elevado teor de alcalóides , como a anagirina e a espartéina , entre outros , que dão , no mínimo uma intoxicação alimentar com dores de barriga , náuseas , vómitos , tonturas e , para não falar do resto ...
Mas não se assustem os consumidores de tal aperitivo , pois por alguma razão , temos andado estes anos todos a comer tremoços demolhados . É que , todas essas toxinas desaparecem no fim de levados a "cozer" , ou colocando-os em água salgada por um bom tempo . Se não passarem por esses processos , são completamente intragáveis e tóxicos . Afinal , tudo tem uma razão de ser ....

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Salpicos de branco


Os dias começam agora a ser maiores , lentamente saímos dos meses de Inverno e damos as boas vindas ao sol . Nesta altura os campos começam a vestir-se de verde e uns salpicos de cor branca espreitam aqui e acolá .... é a Stellaria media L. Villars .
Mais uma planta silvestre a mostrar um ar de sua graça . A morugem como lhe costumam chamar , é muito apreciada pelas galinhas e pelos pássaros em geral , daí um dos seus nomes vulgares em inglês ser " chickweed" , ou por exemplo em português "erva-canária".
  • Nomes vulgares :
Como é já de prática corrente, a sabedoria popular atribui nomes comuns á plantas , e no caso desta , a lista é extensa . A seguir enumero alguns :
- Português: morugem , morugem -vulgar , morugem branca , morugem verdadeira , erva-moleira , orelha-de-toupeira , erva-canária , olho-de-toupeira , moruge . - Inglês : chickenwort , craches , maruns , winterweed , comon chickweed . - Espanha : álsine , pamplina de canarios , berrilo , quilloiquilloi , pajarera , hierba de los canarios , picagallina . - Francês : stellaire , mouron blanc , mouron des oiseaux .
  • Sinonímia : é também conhecida pelos nomes - Alsine media L . , Stellaria apetala
A Stellaria é nativa dos campos da Europa mas actualmente encontra-se espalhada por todo o mundo ; onde quer que exista um bom campo de cultivo lá está ela , pronta a troçar dos agricultores que lhe chamam de erva-daninha .
  • Botânica :
Pertence á família botânica das Cariofiláceas , e dentro do mesmo género , existem estas duas espécies , a S. graminea e a S. holostea ( folhas mais finas ) que são muitas vezes confundidas com a S. media . As suas flores têm uma particularidade , á primeira vista , cada pétala parece duas . Isto acontece porque são bipartidas na base e como as flores são tão pequeninas confunde-se facilmente . As sépalas são de cor verde e na maioria dos casos estendem-se para além da orla das pétalas , fazendo lembrar uma estrela . Mas ao contrário destas que só aparecem á noite , as flores da morugem , fecham e só tornam a abrir na manhã seguinte . Por vezes , quando o céu fica carregado de nuvens , em dias de inverno , e o tempo escurece de repente , lá tornam elas a fechar .
  • Propriedades medicinais :
Segundo alguma literatura , a morugem é usada para fins medicinais , por ser rica em sais minerais e oligoelementos (especialmente magnésio , potássio , silício , cobre , ferro e fósforo ) e em vitaminas do grupo C e B . Mas é devido ao seu teor em saponinas ( do latim saponem , sabão ) que se deve a maior parte das suas propriedades .
No meu ver , existe algum contrasenso neste caso , pois é precisamente devido ao seu alto teor em saponinas que foi proibido o seu uso , sendo até considerada como tóxica em Espanha . Por cá , especialmente na zona norte do país , sei que é muito apreciada em saladas e continua a ser consumida , sem que tenha havido registo de casos de intoxicação . São também , longamente conhecidas , (já desde o tempo de Dioscórides , no primeiro século da nossa era ), as suas propriedades tonificantes (no caso de fadiga ou esgotamento ) e emolientes ( no caso de gastrites , para proteger a mucosa do estômago ) . No fim de contas , o seu uso mais seguro será , quando usado externamente , sob a forma de cataplasmas . Aplica-se nestes casos , com grande sucesso , para eliminar a inflamação da pele , devida a contusões , irritações ou queimaduras solares e químicas .



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O nascer de uma nova vida

A semente não pode saber o que lhe vai acontecer , a semente jamais conheceu a flor .
E a semente não pode nem mesmo acreditar que traga em si a potencialidade para transformar-se em uma bela flor .
Longa é a jornada , e sempre será mais seguro não entrar nessa jornada , porque o percurso é desconhecido e nada é garantido . (...)
Não havia perigo para a semente , a semente poderia ter sobrevivido por milénios , mas para a plantinha os perigos são muitos. O brotinho lança-se , porém , ao desconhecido , em direcção ao sol , em direcção á fonte de luz , sem saber para onde , sem saber porquê ( ... ) mas a semente está tomada por um sonho , e segue em frente .
Semelhante é o caminho para o homem ...
in Osho Dang Dang Doko Dang capítulo 4

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Trevo - encarnado

O nome botânico desta "espiga " colorida é Trifolium incarnatum . Esta foto foi tirada á cerca de 2 anos quando ainda nem fazia intenções de construir este blog . Na altura chamou-me a atenção pela cor avermelhada intensa das suas flores a ondular ao vento . A foto foi tirada em Maio quando se encontrava em plena floração .

É conhecida nos outros países da Europa e América pelos nomes de : italian - clover , crimson - clover ou scarlet- clover (clover = trevo ) ; tréfle incarnat , tréfle de Roussillon (em França ). O trevo- encarnado é uma planta nativa da Europa que se desenvolve principalmente nas margens das florestas , campos e beiras de estradas . Inicialmente uma planta silvestre , foi introduzido na América como forragem para o gado por conter um elevado nível de proteínas .

É usado também como cobertura , para melhoramento de terrenos por conter , tal como a maioria das leguminosas , nódulos radiculares de Rhizobium , uma bactéria que fixa o nitrogénio atmosférico para o converter em nitratos assimiláveis pela planta . Como geralmente o nitrogénio é um dos elementos que mais vezes se encontra em quantidades insuficientes no solo , uma simbiose deste género torna o terreno mais fértil e receptivo a novas plantações ; especialmente na agricultura biológica em que , não são adicionados fertilizantes químicos ao solo , esta planta é uma mais-valia na optimização de culturas .

Botânica :

Pertence ao género Trifolium , que engloba cerca de 300 especies ( não existente um consenso quanto ao número exacto ).

- Este género inclui-se na sub-família Faboideae ( nome alternativo = Papilionoideae ) , que por sua vez pertence á terceira maior família de plantas chamada de Fabaceae , (também designada de Leguminosae , na nomenclatura clássica ) .

Cultivo :

Dá-se bem em solos neutros com ph entre 6.5 e 7.5 e quando cultivada em solos mais alcalinos tem tendência a sofrer de clorose férrica ( dificuldade de assimilação de ferro que provoca amarelecimento das folhas ).O ideal será o cultivo em terrenos bem drenados , pois outras das doenças que afectam este trevo são de origem fúngica devido ao Fusarium oxysporum e F. sp.p. ou a podridão de raiz ( Selerotinia trifoliorum ).

Notas: Alguns tipos de Trifolium , principalmente o Trifolium subterraneum , contêm isoflavonas de acção estrogênica , que poderão ser prejudiciais quando utilizados nos pastos para o animais . Os fitoestrogénios dessas leguminosas aumentam na Primavera, na fase de crescimento, e diminuem na fase de floração da planta .

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Lenda grega

Narcissus sp
Diz a lenda que , Narciso , um jovem muito belo, ao olhar o seu reflexo na água , apaixonou-se pela própria imagem . Só se apercebeu de que era ele próprio , quando tentou beijar a superficie da água . Invadido de tristeza , usou uma espada para põr fim á vida e no seu lugar , nasceu uma linda flor .
Inúmeras versões desta lenda, percorreram o tempo até hoje , mas em todas elas domina o elemento essencial do reflexo na água e de uma bela flor .
Curioso será reparar , que quase todos os narcisos , inclinam a sua flor , com se ainda estivessem a olhar o seu reflexo nas águas de um lago ....
Esta bolbosa , pertencente á família das Amaryllidaceas ( ou Liliaceae , segundo Cronquist , na classificação clássica ) presenteia-nos todos os anos no ínicio da Primavera , com flores que geralmente variam , entre tons brancos e amarelos claros , ou torrados , e que emanam um aroma doce característico , cosoante as espécies e variedades . É oriunda do norte da Europa , Mediterrâneo , China , Japão e Balkans .
Depois do género Tulipa , Narcissus é considerado o mais importante género de bolbos para jardim no mundo ocidental . Ainda assim , das cerca de 70 espécies do género , pouco mais de uma dezena foram cultivadas em massa . O que existe é muitas variedades criadas para o efeito .
A maior diversidade do género está concentrada em Portugal e Espanha , apesar disso , não se tem feito grande coisa para salvaguardar estas espécies , muitas delas consideradas muito raras .
Só dentro deste género existem 15 espécies ameaçadas e que constam na Red List da IUCN , são espécies selvagens e como tal mais expostas ao perigo .
A maioria das espécies que estamos habituados a ver , foram espécies cultivadas em larga escala para jardinagem e como tal não correm esse perigo .
  • Nota de classificação botânica : na classificação filogenética pertence á família Alliaceae e sub-família Amaryllidoideade .
Cultivo : ao contrário do que diz a lenda , não convém cultivar em solos encharcados , para há o risco de apodrecer o bolbo . Gosta de lugares luminosos mas algumas espécies também florescem com um poucode sombra .
De todas as bolbosas , é talvez a mais fácil de cultivar , porque se deixarmos os bolbos na terra em breve teremos muitos mais a encher o canteiro e raramente deixa um ano por florir.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Erva - pombinha

Hoje venho falar de uma " ervinha " muito vulgar que cresce pelos nossos campos . Podemos vê-la em campos de cultivo , de pousio , nas beiras dos caminhos ou até mesmo nos jardins quando os terrenos são ricos em nutrientes , argilosos e até arenosos . A planta da foto , por exemplo , está num terreno arado e argilo - arenoso e todos os anos elas lá crescem espalhadas aqui e acolá . É originária da Europa e Ásia mas actualmente cresce também na América do Norte .
  • Nomes comuns : Erva-molarinha , erva-pombinha , fumo - da- terra , moleirinha . Em Espanha : fumaria, palomilla , flor de pajarito , hierba de conejos . Em Inglês : fumitory , earth smoke . Em França : fumeterre . Muitos dos seus nomes comuns devem-se a factos reais como por exemplo ser o principal alimento de algumas espécies de aves ou o facto de quando é torcida ou esmagada a planta fazer chorar como se fosse fumo .

  • Botânica :Fumaria officinallis - género Fumaria e pertence segundo a classificação clássica á familia das Fumariáceas e segundo a classificação APG II á família Papaveraceae e sub- família Fumarioideae .
Esta planta é uma herbácea anual com flores individuais de 7 a 8 mm que em grupos de 20 a 30 formam a haste floral . As suas folhas são de um verde-azulado em ambos os lados .
A fumária começa a florir no início do ano e prolonga a sua floração até meados de Outubro .
  • Propriedades medicinais :

É uma planta que apresenta alguma toxicidade se não for usada correctamente e como tal o seu consumo deverá ser sempre acompanhado por um profissional de Fitoterapia . Ainda ssim enumerarei alguns aspectos medicinais desta planta meramente como informação adicional . Geralmente as partes utilizadas da planta são as folhas e as flores e nunca a parte da raíz .

  1. É usada pelas suas propriedades anti -inflamatórias e anti-histamínicas ( por conter alacalóides derivados da isoquinoleína - fumarina ) em eczemas e erupções da pele .
  2. Em afecções hepáticas como a congestão ou mau funcionamento do fígado , devido ao seu efeito colerético ( estimulante da secreção da bílis ).
  3. Na hipertesão arterial por ser uma planta com efeitos diuréticos e depurativos ( devido ao seu elevado teor em sais de potássio ), antiespamódicos e fluidificantes do sangue .

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Floração de época

Este fim -de-semana , finalmente , rendeu-se ao tempo de sol , e como tal , lá fui eu para mais uma expedição fotográfica . Fui encontrar esta pequena planta a crescer radiante como se já fosse Primavera , formando um tapete de branco alvo e frágil , e no meio das suas flores , uma habitual joaninha , tão benéfica para os nossos jardins .

Esta planta silvestre , que tão comumente é chamada de erva-daninha , tem o nome de Spergula arvensis , que vem do latin "spergere" que sigifica espalhar .

Provavelmente tal nome deve-se ao facto de esta planta , num só ano , produzir de duas a dez mil sementes que podem permanecer viáveis no solo , por cerca de 15 anos . Fica explicado então , como uma planta que sendo nativa da Europa , se dissiminou tão facilmente por todo o mundo . Actualmente encontra-se espalhada pela Europa, Ásia , norte e sul de África , Áustrália e Nova Zelândia e até no Círculo Ártico . Apesar de resistentes e numerosas , as suas sementes não têm tendência a se dissiminar por longas distâncias , tal tarefa , fica a cargo de alguns animais , que as transportam no tracto intestinal e principalmente ao homem que foi o responsável pela sua introdução na América e na Austrália , enre outros.

  • Utilizações :Foi utilizada inicialmente como planta forrageira , para grandes explorações de gado , mas dissiminou-se em tão grande escala , que hoje , é considerada em muitos países como infestante , principalmente em terrenos de cultivo , que são o seu habitat preferido . Apesar disso , continua em alguns locais , como no Brasil , a ser usada como planta de cobertura para terrenos de poisio , com a finalidade de protecção superficial , manutenção e/ou melhoria das propriedades do solo . Havendo um controlo efectivo da sua dissiminação , esta planta poderá ser usada com esta finalidade , sem que isso venha a ser problemático .
  • Nomes vulgares :

Português : erva-aranha , cassarelo, corga, esparguta .

Inglês : corn- spurry , stickwort , starwort , sandweed , pickpurse , pinecheat , powerty-weed .

Japonês : Noharatumekusa

Francês : Espargoutte des champs

  • Botãnica :

Sinonimia : Spergula vulgaris Boenn , Spergula sativa Boenn , Spergula maxima veihe , Spergula linicola Boreau .

Família : Caryophyllaceae

Género : Spergula

Existem diversas variedades desta espécie que diferem entre si na morfologia das sementes , flor e na quantidade de "pêlos"que cobrem a planta .

Esta erva é muito fácil de identificar pela disposição das folhas , que são muito estreitas e compridas e que se juntam em forma de auréula á volta do caule . As suas flores possuem cinco pétalas de cor branca e cinco sépalas de cor mais esverdeada , e têm entre 5 a 10 estames , sendo mais raro a ocorrência só de 5 estames.

É um planta hermafrodita , isto é possui estames e carpelos na mesma flor .

  • Cultivo :

Prefere solos ácidos ou neutros , dando-se bem também em solos muito ácidos , não é exigente com o terreno e necessita de muita luz para crescer e florir , não existindo em lugares de sombra .

Segundo algumas fontes , esta planta possui propriedades diuréticas , não se encontrando , contudo , referências importantes á sua utilização nesta área .

As suas sementes e provavelmente as flores contém saponinas , uma substãncia , que apesar de tóxica , não é significativamente absorvida pelo organismo e por isso é facilmente eliminada sem causar danos

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Camélias

Acho que a ideia de camélias traz consigo uma certa noção de nobreza . Não sei se , por terem sempre folhas muito lustrosas , impecavelmente verdes , e flores ( que por poucas que sejam ) num fundo assim tão verde era impossível não sobressairem , quase como se estivessem a pedir para ser admiradas . As seguintes fotos são das poucas camélias que tenho em meu jardim , estão nesta altura a florir , cada qual á sua vez .
Camellia japonica
As camélias são originárias da Índia , China , Japão e Indonésia . O género Camellia contém mais de 80 espécies que se apresentam tanto sob a forma de arbustos , como de árvores de grande porte . Este género foi cultivado na China e Japão durante mais de mil anos , e só chegou á Europa em inicios do séc.XVIII , mas desde então que encantou jardineiros e hoje , a conhecida "cameleira ", floresce em jardins de todos os cantos . Cerca de 5000 mil híbridos desta planta foram criados a partir de cruzamentos entre a Camellia Japonica e alguns mais a partir da Camellia sasanqua e da C. reticulata . Esta geração de novas camélias , começou , quando em 1930 , um criador , J. C. Williams , cruzou uma camélia japonica com uma C. saluenensis . O híbrido que daí resultou , chamado Camellia x williamsii , veio iniciar uma longa linhagem de plantas que viriam a conquistar ainda mais admiradores deste belo género .
Camellia japonica

Cultivo:
Pertencente á família botânica das teáceas , a japoneira , como também é chamada , necessita de solos ácidos , com ph entre 5.5 e 6.5 , para se desenvolver bem . Quando cultivada em solos calcários , tem tendência a sofrer de clorose , uma carência de ferro que provoca o amarelecimento das folhas . Isto acontece porque o ph alto não deixa a planta absorver o ferro existente no solo . Poderemos corrigir a situação usando um substrato ácido , próprio para estas plantas , ou então incorporando no solo á volta da planta , sulfato de ferro ou de aluminio . Muito bom é também pulverizar as folhas com uma solução de quelato de ferro , pois a planta absorve mais rapidamente o ferro , recuperando a sua cor verde natural.
Um bom truque adicional , é espalhar no pé destas plantas uma boa dose de caruma de pinheiro , pois a sua decomposição torna o solo mais ácido . Não só ajudamos a planta mas também fica agradável em termos estéticos .

Camellia japonica

As camélias resistem ás geadas quando a temperatura não desce para além dos 10ºC , ou então quando são geadas ocasionais e de curta duração . Quando os invernos são mais rigorosos , convém protegê-las enquanto são pequenas . Regra geral dão-se bem com luz directa , mas poderá acontecer , em dias mais quentes de Verão , que as suas folhas fiquem queimadas , ( se estiverem em vaso ficam ainda mais sensíveis ).
Uma curiosidade : é da espécie Camellia sinensis que se retiram as folhas para fazer chá.
Estas folhas dão origem a muitos tipos de chá conforme o cultivo , a altura da colheita e o preparo a que são sujeitas .
  • Por exemplo as folhas mais tenras e não fermentadas dão origem ao chá branco , que por ser mais raro é também mais dispendioso .
  • Já o conhecido chá - verde é feito de folhas levemente fermentadas e o chá-preto é o mais forte e mais cafeinado por ser feito com mais fermentação .
  • o chá -oolong tem características semelhantes ás do chá verde tendo uma fermentação mediana entre este e o chá - preto.
O chá - verde , talvez o mais usado por todos nós , é conhecido por conter substâncias antioxidantes , chamadas de polifenóis , que previnem o envelhecimento celular devido á acção dos radicais livres .Tem também inúmeras vitaminas , manganês , potássio ; e taninos que fazem diminuir as taxas de "mau" colesterol no sangue .

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Tempo de orquídeas


Sem pretensões de perfeição , sem esforço , nem correrias , simplesmente sendo aquilo que nasceu para ser .... e foi ... e é ... pura beleza , que enche os olhos de quem realmente vê .....
Faz-me pensar se essa não será a verdadeira utopia do ser humano , simplesmente ... ser ....



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Erva-das-vassouras

A gilbardeira , como é comumente chamada , é um arbusto que cresce principalmente em terrenos calcários e em florestas de azinheiras ou sobreiros , como se vê na foto acima . Existe por toda a Europa Central e Meridional , crescendo particularmente bem nos nossos bosques . É também conhecida por outros nomes , como : gilbarbeira , erva-dos-basculhos ou azevinho-menor .

Pertence ao género Ruscus e á especie Ruscus aculeatus L.

Tem caules erectos que chegam a atingir , na maturidade da planta , cerca de 1 metro de altura . O pormenor mais curioso deste arbusto , é que aquilo que consideramos nele como folhas , são na realidade , pseudofolhas , a que os botânicos chamam de filocládios , e sobre os quais , se desenvolverão mais tarde as flores e as bagas vermelhas . As verdadeiras folhas são quase imperceptiveis , e distribuem-se ao longo do caule da planta como se fossem pequenas escamas .Os filocládios têm a particularidade de suas extremidades serem muito aguçadas , de tal maneira que basta encostar a pele á planta , para sair de lá todo arranhada ( como pude comprovar no dia em que tirei estas fotos ).

Quando tentei descobrir a família botânica na qual esta planta se inseria , foi um quebra-cabeças , pois cada literatura designava uma família diferente , resultado... muita pesquisa , mas aqui vai a explicação possível :
  • na Classificação clássica de Cronquist (1981 ) é clasificada como pertencendo á família das Liliáceas
  • na Classificação filogenética APG (1998) foi criada a família das Asparagaceas que passou a incluir o género Ruscus
  • na Classificação filogenética APG (2003 ) inclui-se na sub-familia Ruscaceae .Esta família é considerada opcional e todas a suas plantas podem ser agrupadas na familia Asparagaceae

Actualmente a família Ruscaceae engloba 476 espécies distribuidas por 26 géneros , sendo o género Ruscus um deles . Para mais informação sobre a nova nomenclatura ver o site : http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/

Propriedades medicinais :

A raiz da gilbardeira é considerada actualmente , como a planta com maior acção tónica sobre as veias , entrando por isso na composição de numerosos medicamentos para problemas de insuficiência venosa . A sua acção vasodilatadora e anti-inflamatória deve-se á presença de saponinas esteróidicas e ruscogeninas , respectivamente .

  • Externamente , recorrendo a loções ou compressas com a decocção , é muito eficaz na redução da celulite graças aos seus efeitos tonificantes .
  • Aplica-se também em afecções venosas como varizes , flebites, pernas pesadas e edemas (retenção de líquidos ) por induzir uma melhoria da circulação no sistema venoso e fortalecer as paredes dos capilares .
  • Nos casos de gota , litíase renal e artritismo é benéfica , devido ao seu efeito depurativo. Ao facilitar a eliminação do ácido úrico (cujo acúmulo no organismo é responsável pelo aparecimento da patologia vulgarmente denominada como gota ) e ao aumentar o suor produzido pelo organismo , facilita o bom funcionamento do mesmo e consequentemente uma melhor qualidade de vida .

Existem , hoje em dia , numerosos preparados com esta planta disponiveis nas farmácias e ervanárias , facilitando assim o seu uso como planta medicinal .

Cultivo :

Uma vez que se trata de uma planta silvestre , quando cultivada em casa , principalmente em vaso , necessita de algum adubo . No seu habitat natural , a gilbardeira , retira os nutrientes do solo enriquecido pelas camadas de turfa , e como tem um crescimento muito vigoroso , quando cultivada em vaso , é natural que necessite de um bom substrato . Para além disso , necessita de alguma humidade nas raízes e deve ser cultivada em meia-sombra ( reproduzindo mais uma vez as características de seu habitat natural ). Produz bagas no final e durante os primeiros meses do ano .

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Medronheiro

O arbusto da foto é um Arbutus unedo mais vulgarmente chamado de medronheiro . Tem o seu habitat em bosques da Europa Mediterrânea e em agumas regiões da América Central e do Sul , sul da Irlanda e Inglaterra . Cresce espontâneamente por todo o país , embora com mais frequência no sul , para os lados das serras algarvias de Monchique e Caldeirão . Nesta zona , o medronho adquire uma importância especial pois representa algumas das melhores tradições das aldeias serranias , para não falar que a aguardente de medronho se tornou na bebida "espirituosa" mais característica do Algarve . Um "calcinho " de aguardente de medronho , no fim do almoço é talvez o mais agradável digestivo , para um bom conhecedor dos melhores paladares tradicionais . E devo dizer que este último facto não se aplica somente nessa região ...

O medronho é um fruto de crescimento lento , levando por vezes até 10 meses a amadurecer...

Nomes comuns : ervedo , êrvedo . -Inglaterra: strawberry tree. -Brasil : árvore-dos-morangos -França : arbousier , arbre du fraises . - Espanha : alborocera , albornio , madroño , arbol de las fresas

Botãnica:

Família : Ericaceae

Género : Arbutus

Espécie : Arbutus unedo

Arbusto que pode ir até aos 10 metros de altura , embora o mais vulgar , seja os arbustos serem de porte mais pequeno . As folhas são lanceoladas de 5-10 cm de comprimento , lustrosas , de cor verde escuro por cima e mais claras por baixo . Os troncos e ramos são de cor castanha - avermelhada e apresentam uma superficie muito irregular "escamosa " (principalmente nos ramos mais velhos ) em que se consegue tirar pequenas lascas de casca . As flores de cor branca esverdeada , que mais parecem pquenos guizos , apresentam-se em cachos , pendentes e são muito atractivas para os insectos polinizadores . Os seus frutos são globosos , de cor verde no início , depois amarelos e finalmente vermelho escuro e têm um aspecto que mais parece uma cobertura de espinhosa .

Cultivo : É usado em jardins principalmente pela beleza das suas flores que em conjunto com os frutos maduros e as folhas verdes lustrosas , o tornam um arbusto muito bonito .

Precisa de sol pleno para se desenvolver bem e para florir , embora a espécie geralmente só dê flor com cerca de 10 anos de cultivo .

Propriedades medicinais :

  • As folhas e a casca deste arbusto podem chegar a conter até 36% de tanino , o que as torna muito adstringentes (que seca e constringe a pele e as mucosas ).Ingeridos em doses elevadas , os taninos podem impedir a absorção de alguns minerais , como o cálcio ou o ferro e de algumas vitaminas . Por isso, não se recomenda o uso prolongado de plantas ricas neste composto .

- Contém um tipo de glicósido fenólico , chamado arbutina , que lhe confere uma acção anti-séptica e anti-inflamatória . Usa-se para combater infecções urinárias , cistites e como ajudante nos cálculos e consequentes cólicas renais .

- A antocianina (ou glicósido antocianínico ) actua igualmente como anti-sépica , anti-inflamatória e protectora dos capilares .

  • Os frutos contêm vitamina C , niacina (mais conhecida por vitamina B3 ) e são uma das melhores fontes de Provitamina A , quando maduros .
  • O ácido málico contido nos frutos , é um tipo de ácido orgânico que aumenta a produção de saliva e limpa a cavidade bucal , produzindo sensação de frescura e diminuindo o número de bactérias causadoras de cáries e infecções na boca .

O único senão no consumo dos frutos , é que os medronhos podem chegar a conter 0.5% de álcool , pois o processo de fermentação pode iniciar-se na própria árvore . Por isso , e pelo efeito muito adstringente não convém abusar , senão , em vez de medicinal dará uma valente dor de barriga ...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Cogumelos - parte II

Fui achar este cogumelo na minha última visita de campo mesmo por baixo de um eucalipto .
Este estava á sombra de um sobreiro , escondido no meio de tanta folha , que quase não o via ... Realmente faz sentido que se diga que os cogumelos só crescem bem em sítios onde existem folhas em decomposição , pois foi justamente em sítios assim que eu os fotografei .