Tantos anos volvidos , tanta evolução , mudança , entendimento ... chamemos-lhe assim , e ainda uma coisa se mantém tal como á milhares de anos atrás , a ideia que as plantas possuem um seu universo mágico capaz de curar , proteger ou purificar todos os seres . Mesmo após a desmistificação da ciência que as desmenbrou em pouco mais que aglomerados de células e compostos orgânicos, muito existe ainda , quem prefira acreditar que a planta é somente aquilo que seus olhos vêem e o resto , bom ... é pura magia .
Ainda o Homem calcava a terra em seu estádio primitivo e já o bichinho da curiosidade o impelia para o universo botânico . Muito rudimentar , claro está , em forma de mezinhas ou xamanismos com um ramito disto , um pézinho daquilo e o resto ... calhava ao destino .
Independentemente de credos , locais ou datas , cada civilização possuía os seus próprios conhecimentos , e o uso de plantas medicinais sempre foi um elo comum a todas elas .
Apesar da primeira referência escrita ter surgido só em 2800 a.c. na obra chinesa Pen Ts’ao de Shen Nung , sabemos hoje através das descobertas arqueológicas das grutas de Shanidar no Norte do Iraque , que já no Paleolítico o conhecimento das ervas era aplicado de forma arcaica . O uso de ervas é por isso talvez uma das conquistas culturais mais antigas da Humanidade .
foto em http://www.esab.ipbeja.pt/museu/loja.htm
Para além do universo medicinal , muitos foram os usos que lhes deram , por exemplo , na região de Cuzco , nos Andes , os xamãs índios utilizam-nas em rituais de purificação , entornando uma aguardente de ervas num local sagrado para assim o purificar e presentear os deuses. De acordo com a tradição Inca neste local fica o "umbigo do mundo " a primeira residência dos homens e estas plantas foram assim dotadas de poderes mágicos .
Em algumas regiões do Peru ainda hoje se usa um colar feito com sementes de espingo e cruzes de raminhos de salgueiro que protege contra o mau-olhado , uma crença ancestral , pois já em esculturas pré-colombianas da cultura Moche datadas de 200 -800 d.C. se representavam usando os colares de espingo ao pescoço .
Outras culturas mais adeptas da vertente holística têm nas suas tradições : a papoila desde á seis mil anos na Suméria e como medicamento para os Assírios ; o meimendro , planta da família das Solanáceas era usado no Egipto , Roma e Grécia ; o estramónio que ainda hoje é colocado em grinaldas na estátua de Xiva , o terceiro deus da trindade hindu ; a ololiuqui muito presente na cultura Asteca , o peiote muito usado pelos indios Huicholes do México durante as cerimónias religiosas , a chacruna e a liana Banisteriopsis usados pelos povos amazónicos , o cacto de s.pedro uma das mais antigas plantas mágicas da América do Sul .E a lista continuaria se não corresse o risco de se tornar por de mais enfadonha ...
Imagem net
Já os egipcios ressaltavam sobretudo a vertente medicinal e encontramos em diversos papiros datados de cerca de 1850 a 1550 a.C. inúmeros registos de variadas doenças e as respectivas fórmulas para a sua cura. Um deles é o papiro de Ebers , datado de 1550 a.C. e descoberto em Luxor no ano de 1873 . Descreve em 20 metros de papel , cerca de 125 plantas ( dou como exemplo apenas algumas delas: a erva-doce , alface , linhaça , o sene , a acácia , a papoila, o alho e o aloé) e seus respectivos usos .( The Ebers Papyrus, by Paul Ghalioungui , publicado em 1987 pela Academy of Scientific Research and Technology do Cairo ) .
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