segunda-feira, 15 de março de 2010

Verde é a noite ...

"Caminhamos por uma vereda exposta á radiação solar em plena floresta pantanosa . O sol brilha escaldante e impiedoso .
Nunca o calor e o ar estagnado foram tão atrozes . Não consigo compreender como há gente capaz de viver a vida inteira nestas paragens verdes , ardentes e húmidas . Caiena não pode ser pior ! A cabeça dói e lateja devido ao intenso calor, e provavelmente uma febre também se insinua no corpo. A tarde arrasta-se sufocante , agora que o Sol se pôs .
Nem uma folha bole , o calor já não brota do chão como durante o dia , antes avança palpavelmente á medida que a noite avança . A camisola cola-se-me ao corpo . O suor escorre-me da testa para os olhos . Negras e imóveis, brilham nos buracos do caminho , as águas estagnadas. Os mosquitos dançam e zumbem em redor dos nossos ouvidos. Levo as mãos ás fontes latejantes , o pulso torna-se pesado e mortiço, como o cair da noite nos trópicos . " ( K.Helbig)


terça-feira, 9 de março de 2010

A Primavera chega sempre ....








"Por mais que as pessoas se esforçassem (...) por recobrir o solo com pedras para que nada despontasse nele , por mais que arrancassem cada erva daninha que teimava em germinar , por mais pó de carvão que espalhassem (...) , apesar de tudo isso , também na cidade a Primavera é Primavera (...). A erva fresca crescia e verdejava por toda a parte onde não tivesse sido ainda arrancada - não só nos parques , mas tambem nas fendas entre os blocos de pedra - , bétulas , choupos e amieiros - negros cobriam-se de folhinhas viscosas e aromáticas , as tílias abriam os seus espessos botões. gralhas , pardais e pombos construíam os ninhos em primaveril azáfama ;"

Assim escrevia Leão Tolstoi em seu romance Ressurreição . Quando chega a altura não há nuvem cinzenta que afaste os dias quentes e cheios de vida , sempre assim foi , e assim continuará a ser ....